sábado, 1 de março de 2008
No fundo, o pior de tudo nem sequer é facto das coisas terem saído furadas. É termos gente em camisa-de-forças nas mãos de uma oposição de Marte e de
Portugal está a assistir a dois grandes momentos de luta e reivindicação das populações pelos seus direitos. O fecho das urgências? A revolta dos professores contra a «Ministra da Avaliação», perdão…Ministra da Educação? Qual quê?! Refiro-me ao abaixo-assinado que um conjunto de cidadãos está a promover para legalizar o tuning e à petição que circula na Internet defendendo a exibição da telenovela Vila Faia em horário nobre.
Isso sim, coisas que valem uma boa «manif»!
Como é possível que um governo esteja a ser questionado por questões tão triviais – e recorrentes – como o fecho de serviços de saúde e a dignidade dos docentes, quando há uma vasta camada da população que não consegue enfeitar os seus carros dentro da lei? Exige o movimento – e bem – uma «célere publicação de regulamentação para este sector». Sim, porque o tuning já é um sector. E melhor fará o Governo em escutá-lo, se não quiser ver as estatísticas dos atropelamentos aumentar.
Outro acto de relevante acção cívica é a petição para acabar com a exibição do remake da telenovela Vila Faia aos fins-de-semana. Os signatários defendem a transmissão dos episódios de segunda à sexta em horário nobre. Um dos propósitos é fazer frente às novelas e séries mexicanas, mas, nesse caso, a tarefa afigura-se mais complicada. Seria preciso mexer nos conteúdos dos telejornais e dispensar protagonistas. O que, como se sabe, não é tarefa fácil num País onde os folhetins sobre corrupção, desmandos privados e de Estado, além de sacanices várias, têm audiências consideráveis e actores à altura.
Como se já não bastassem as contestações sociais da Vila Faia e do tuning, outra luta se adivinha no horizonte. Parece que em 2007, o Estado distribuiu milhares de preservativos furados. Ora, espero sinceramente que alguém force o Ministério da Saúde a explicar se foi esta a estratégia encapotada para promover a natalidade ou se o desleixo é apenas uma metáfora do desgoverno.
Todos sabemos como isto funciona.
Na campanha eleitoral, os socialistas prometeram-nos prazeres e momentos únicos com sabor a menta, pêssego e chocolate, devidamente protegidos contra as intempéries internas e externas. Afirmaram-se seguros para o mandato que aí vinha, esperando, da nossa parte, excitação a condizer. Mais: seriam impermeáveis nos princípios e nos valores. Que temos nós, hoje? O PS que garantiu momentos cor-de-rosa resultou, afinal, num Governo pouco fiável e de confiança duvidosa. E a braços, já agora, com uma gestação de conflitos indesejável. No fundo, o pior de tudo nem sequer é facto das coisas terem saído furadas. É termos gente em camisa-de-forças nas mãos de uma oposição de Marte e de um Governo de Vénus.
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