Sob a batuta do ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, foi lançada recentemente uma campanha que tem como principal objectivo dar uma "nova imagem de Portugal" lá fora. Chama-se Portugal Europe’s West Coast e para além do objectivo generalista já enunciado, a campanha quer atrair "actuais e potenciais visitantes, investidores e compradores de produtos portugueses".
Para tão difícil tarefa convidaram-se oito "talentos nacionais com expressão internacional" que serão relacionados com a ideia de "energias alternativas, área onde Portugal lidera".
Para além dos nove retratados, oito "personalidades" mais Portugal, há outro nome que tem assumido protagonismo: o do retratista. Diz-nos o texto de apresentação que o inglês Nick Knight "é um dos mais conceituados fotógrafos mundiais" e que "através da sua objectiva, o país é captado de uma forma criativa, dinâmica e inovadora".
O trabalho de Knight esteve sempre ligado à moda, à publicidade e à música. É comum ver fotografias suas em capas de discos e em revistas de moda internacionais. Já teve exposições no Victoria & Albert Museum e na Saatchi Gallery. Em 2000 lançou o projecto SHOWstudio.com, uma plataforma online onde é possível seguir o seu trabalho ao vivo.
A escolha de Nick Knight tem provocado algumas reacções negativas. Há quem fale do valor que cobra por cada fotografia final, há quem critique os truques de Photoshop, há quem aponte o facto de ser um inglês a promover Portugal e há também quem aponte a falta de aposta nos fotógrafos portugueses.
Recibos de pagamento e certidões de nacionalidade à parte, estas imagens de Nick Knight são bacocas e não fazem jus ao brilhantismo pelo qual foi contratado. Vender um país pela imagem não é bem a mesma coisa que vender malas da Yves Saint Laurent ou mostrar a Björk na capa de um CD.
Quem olha para estas sobreposições de retratos com paisagens do país “mais Ocidental da Europa” não vê (eu pelo menos não vejo) projectadas a “criatividade”, o “dinamismo” e a “inovação” que tanto se quer publicitar. O que se vê são rostos, entre o sensual e o sisudo, em osmose com os mais batidos postais ilustrados deste país – as praias, o sol, a luz, a areia e o Atlântico. E depois, duas paisagens onde isso tudo é condensado e ligado à ideia de energias renováveis, como se Portugal fosse mesmo um exemplo a potenciar de forma racional os seus recursos naturais e a inovar em energias alternativas.
domingo, 2 de março de 2008
a oeste, nada de novo
Sob a batuta do ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, foi lançada recentemente uma campanha que tem como principal objectivo dar uma "nova imagem de Portugal" lá fora. Chama-se Portugal Europe’s West Coast e para além do objectivo generalista já enunciado, a campanha quer atrair "actuais e potenciais visitantes, investidores e compradores de produtos portugueses".
Para tão difícil tarefa convidaram-se oito "talentos nacionais com expressão internacional" que serão relacionados com a ideia de "energias alternativas, área onde Portugal lidera".
Para além dos nove retratados, oito "personalidades" mais Portugal, há outro nome que tem assumido protagonismo: o do retratista. Diz-nos o texto de apresentação que o inglês Nick Knight "é um dos mais conceituados fotógrafos mundiais" e que "através da sua objectiva, o país é captado de uma forma criativa, dinâmica e inovadora".
O trabalho de Knight esteve sempre ligado à moda, à publicidade e à música. É comum ver fotografias suas em capas de discos e em revistas de moda internacionais. Já teve exposições no Victoria & Albert Museum e na Saatchi Gallery. Em 2000 lançou o projecto SHOWstudio.com, uma plataforma online onde é possível seguir o seu trabalho ao vivo.
A escolha de Nick Knight tem provocado algumas reacções negativas. Há quem fale do valor que cobra por cada fotografia final, há quem critique os truques de Photoshop, há quem aponte o facto de ser um inglês a promover Portugal e há também quem aponte a falta de aposta nos fotógrafos portugueses.
Recibos de pagamento e certidões de nacionalidade à parte, estas imagens de Nick Knight são bacocas e não fazem jus ao brilhantismo pelo qual foi contratado. Vender um país pela imagem não é bem a mesma coisa que vender malas da Yves Saint Laurent ou mostrar a Björk na capa de um CD.
Quem olha para estas sobreposições de retratos com paisagens do país “mais Ocidental da Europa” não vê (eu pelo menos não vejo) projectadas a “criatividade”, o “dinamismo” e a “inovação” que tanto se quer publicitar. O que se vê são rostos, entre o sensual e o sisudo, em osmose com os mais batidos postais ilustrados deste país – as praias, o sol, a luz, a areia e o Atlântico. E depois, duas paisagens onde isso tudo é condensado e ligado à ideia de energias renováveis, como se Portugal fosse mesmo um exemplo a potenciar de forma racional os seus recursos naturais e a inovar em energias alternativas.
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